Eu Não Sou Só Eu Em Mim | Cena 11

22.09.2023

Crítica de Minuto, publicada originalmente no Instagram

[CRÍTICA DE MINUTO]
Eu Não Sou Só Eu Em Mim | Cena 11

“Obra de retomada, ‘Eu Não Sou Só Eu Em Mim’ continua mergulhada em tecnologias, mas devolve um foco para a que mais importa: a tecnologia do corpo. Dançando para além dos aparatos e engenhocas, o ótimo elenco do Cena 11 reconstrói passos, posturas e percepções do que é ser brasileiro e dançar brasileiro. Dialoga com as máquinas, com Darcy Ribeiro, mas também com a gente do povo brasileiro.”

Do intenso trabalho de Alejandro Ahmed com as tecnologias, ‘Eu Não Sou Só Eu Em Mim’ recupera aquela que é a mais importante: a tecnologia do corpo. Se antes Ahmed já reinventou como vemos um corpo que cai, agora ele coloca em cena uma construção da percepção do povo brasileiro através do corpo que dança. Articulando as várias referências das experiencias de um elenco que ganha novos integrantes — externos às práticas do Cena 11, trazendo uma diferença e um novo olhar sobre esse grupo —, desconstrói movimentos do que talvez seja o ser brasileiro, o dançar brasileiro.

O palco ainda está tomado por uma quantidade assombrosa de parafernália tecnológica, mas pouco importa. O que faz uma inteligência artificial, a lógica das luzes que piscam, as telas que se movem, os muitos níveis de projeção, as inúmeras camadas sonoras, o desejo da virtualidade… É tudo interessante, e causa impacto — mas é perfumaria: o valor dessa obra é o elenco verdadeiramente deslumbrante e entregue. O valor dessa obra é ver pesquisa de corpo novamente no centro do trabalho do Cena 11.

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