Verdes e Ouvirdes | Jussara Miller
Crítica de Minuto, publicada originalmente no Instagram
[CRÍTICA DE MINUTO]
Verdes e Ouvirdes | Jussara Miller
“Do cio da terra ao apocalipse climático, ‘Verdes e Ouvirdes’ relê Ailton Krenak com a sensibilidade do corpo. Coloca em cena o humano, e sua relação de descoberta e deslumbramento da natureza, transformada em exploração, controle, e aniquilação. O antropoceno é hostil e ameaça a vida. Mas o que chamamos de fim do mundo talvez seja só o fim do homem, e os próximos passos se deem em solos pouco férteis, mas ainda semeados.”
A nossa compreensão de Historia é precária, limitada ao nosso próprio tempo. A história da Terra é de outra ordem. Quanto vale uma vida? — Uma pessoa? Uma árvore? Uma abelha? Uma semente? A ação do homem passa por cima de questionamentos, às vezes tão sutil que só se percebe depois da desgraça feita. Como gotas de chuva, sementes caem pelo chão e procuram a terra fértil. Que futuros serão germinados? O que pode uma pessoa, uma árvore, uma abelha, uma semente?
O solo de Jussara Miller cria um espaço de tempo suspenso, onde é possível ver a terra respirar, a vida das plantas, a coexistência animal, e a ameaça humana. Um trabalho cenográfico de impacto, que constrói um pequeno planeta em cena, e nele uma bailarina. Ela não tem controle sobre esse espaço, mas isso não significa que não tenha ação, impacto, influência. Temos medo. Metáfora da condição humana, ali sentimos o receio do tempo presente, e a angústia do futuro. Mas ela nos deixa sementes, e sementes sempre são possibilidades. Poético e delicado, “Verdes e Ouvirdes” conjuga a importância de sua mensagem com a arte de sua transmissão, nos faz um convite, um alerta, e um chamado — todos os três essenciais para o nosso tempo.
“Verdes e Ouvirdes” encerrou a programação do Arrastão de Solos, do projeto Dramaturgias Paralelas, do Núcleo Marcos Sobrinho, na Oswald.
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Crítica de Minuto | @outra.danca | por @henriquerochelle
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