Clamores | Mithkal Alzghair

[CRÍTICA DE MINUTO]
Clamores | Mithkal Alzghair

“Com o corpo que tremula nos vãos de um mapa mundi todo recortado, Alzghair não encontra parada. Refugiado político sírio, sua dança de deslocamento e despertecimento ilustra um mundo interrompido: uma geografia inóspita, que foca nas fronteiras e não no acolhimento. Será possível redesenhar o mapa? Que poderes um bailarino consegue enfrentar com seus clamores, sua dança?”

Encerrando a programação de uma Bienal que carrega intensamente uma questão de territórios, Mithkal Alzghair constrói uma atmosfera visual bidimensional, que provoca a repensar os contornos da geografia do mundo. Dançando sobre um quebra-cabeça de territórios, desterrado e sem parada, ele não tem casa, não tem laços. No palco, os países por onde dança parecem líquidos, e ameaçam afogar: o mundo todo se torna inóspito e a travessia é sua continuidade. Do desejo, um movimento intenso sacode a geografia, rearranja os territórios e fronteiras, e propõe um outro mapa. Mas é uma ilusão: fora da cena, o mundo mesmo não se rearranja, e se arrasta atras de forças maiores, políticas que não são sobre os indivíduos, sobre as pessoas — que gritam —, mas sobre os poderes.

#bienalsescdedanca

/ @sescsp @sescspcampinas @mithkalalzghair

Crítica de Minuto | @outra.danca | por @henriquerochelle

📷 Youssef Iskandar e Bruna Damasceno

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