Perfis
Tem um novo tipo de texto na 3ºsinal: Perfis, apresentando pessoas, espaços, grupos, e movimentos de dança. Quem você quer encontrar por aqui?
Dia desses, me voltou à tona uma questão que frequentemente me incomoda, e tem a ver com como a gente pode acessas as histórias e as informações da dança. Num mundo cada vez mais conectado, e cada vez com mais informação pendurada em algum lugar, às vezes o efeito que domina é o contrário do desejado: a gente se afoga num mar de informação perdida, sem conseguir achar o que precisa.
Quando isso trata das memórias da dança, temos um risco ainda maior: como são poucos os espaços, os veículos, e os projetos que preservam memória, às vezes fica a dúvida até sobre o que já existe, o que já foi feito nesse campo.
Pra quem faz parte do meio da dança, existe alguma facilidade: eu pergunto pra alguém, que liga pra alguém, que fala comigo, e logo menos a gente consegue encontrar algo do que procurava, ou pelo menos saber o que já existe. Mas pra quem não tem ainda essa inserção, o que acontece? Sem acesso à memória, frequentemente tem gente achando que inventa (ou que precisa inventar) a roda. Pior: tem gente sem saber que a dança tem história.
Ai me questionaram onde é que a gente acha essas informações. E disso veio a pergunta do que me cabe fazer sobre isso. Pareceu uma hora ótima pra finalmente começar uma proposta já não tão nova nos meus cadernos, pensada perto do início da coluna 3ºsinal (que vai se aproximando dos 3 anos!), e que ainda esperava ser colocada em prática: escrever perfis.
A partir desse mês, os textos que já são publicados por aqui na coluna, com comentários, opiniões, problemáticas e questões do mundo da dança, vão passar a conviver com esse outro tipo de texto, que chamaremos de “Perfil”. A cada texto, uma apresentação de uma pessoa, de um espaço, de um grupo, de um movimento, de uma publicação, ou de um espetáculo.
A ideia é fazer algo que sirva como um ponto inicial. Precisamos e queremos mais livros, mais documentários, mais investigações e discussões a fundo. Mas por aqui o intuito é um pouco mais imediato, um tanto mais ligeiro e até leve, como cabe nessa coluna. Apresentar, com poucas perguntas básicas, os perfilados. É uma porta de entrada, um começo de conversa. Um jeito de ir listando quem está por aqui, produzindo alguma referência que possa direcionar, aproximar, e levar em direção a mais dança.
Essa é uma ação pequena, individual. Não soluciona a dificuldade que a dança tem com sua memória. Não elimina a necessidade de muitas mais ações e muitas mais propostas, parecidas e distintas, e de muito mais gente, que deem conta de divulgar a dança e a nosso povo. Mas pelo menos responde, da próxima vez que a pergunta surgir, o que mais eu posso fazer pela memória da nossa dança.