Edital artístico-pedagógico do CRD

Quando a Escola de Dança de São Paulo foi transferida para a Praça das Artes em 2013, ela vagou seu prédio histórico embaixo do Viaduto do Chá, que, em 2014 (depois de muita articulação da classe) passou a abrigar o recém-criado CRD – Centro de Referência da Dança da Cidade de São Paulo.

Em sua primeira forma, o CRD foi proposto numa estrutura de administração conjunta em parceria: a Secretaria de Cultura disponibilizava o espaço, suas contas e segurança, e a Cooperativa Paulista de Dança fazia a gestão administrativa e artístico-pedagógica. Nasceu ali um projeto de gestão participativa e inclusiva, que resultou num ponto de encontro único da cena da dança em São Paulo, reunindo público das apresentações artísticas, grupos residentes que ocupam as salas do espaço, e participantes das diversas atividades formativas.

Implementada inicialmente como um projeto piloto, a gestão do CRD foi objeto de edital público que celebrou parcerias com a Cooperativa (2016-2017), depois com a Associação Cultural Corpo Rastreado (2017-2019). Na sequência, o modelo de gestão voltou ao debate com a retomada de uma administração direta pela Secretaria que, hoje (mais uma vez depois de um tanto de articulação), funciona de forma mista: a Secretaria cuida da programação de espetáculos e do uso das salas de ensaios, e a programação de cursos, workshops e oficinas (o eixo artístico-pedagógico) é feita por um projeto temporário de gestão selecionado via edital.

A primeira gestão desse formato viu a realização do projeto Transversalidades Poéticas, proposto pela Cooperativa de Dança (2020-2021). Atualmente, está em realização o projeto Circuito de Afetos (2022), da Corpo Rastreado. Selecionados por edital público, os projetos tem duração de um ano, com possibilidade de prorrogação de mais um ano. Mas a seleção para o próximo projeto de gestão já está aberta.

É a terceira edição desse edital, que não costuma receber tantas inscrições, dada a sua particularidade. Por sorte, entre aquilo que é enviado, existem propostas de qualidade, capitaneadas por gente próxima ao espaço, seus artistas e públicos, e que conseguem articular a continuidade dessa gestão única que o CRD consolidou.

Extremamente amplo, o edital busca ações pedagógicas formativas em dança com realização continuada. Conhecer e entender o CRD, seu público frequentador e sua expectativa é fundamental. Essa amplitude às vezes dificulta o entendimento do que é possível propor, especialmente por organizações que não tenham tido essa experiência, o que diminui a variabilidade, e explica a continuidade das gestões alternadas entre Cooperativa e Corpo Rastreado, desde o surgimento do equipamento.

Tentando facilitar o processo, e ampliar as possíveis candidaturas à gestão do CRD, a equipe atual tem aberto ocasiões como a leitura pública e tira dúvidas do edital. Eles também disponibilizam os textos dos dois últimos projetos de gestão que foram contemplados em seus editais (nesse link).

A pluralidade que existe nesse espaço é sua característica fundamental. Pluralidade de públicos, de danças, de origens. A variedade, cada vez mais ampla, daquilo que tem sido realizado no CRD é testemunha disso. A lógica da gestão participativa coloca a visão do CRD coletivamente em nossas mãos. Em breve, poderemos ver, através dos projetos de gestão inscritos, quais as visões do CRD que circulam por São Paulo. Como é o Centro de Referência da Dança que te interessa?

* O Edital para a gestão artístico-pedagógica do CRD recebe propostas de Pessoas Jurídicas sem fins lucrativos para parcerias de um ano (que podem ser prorrogadas por mais um ano), com recursos no valor de R$350mil. As inscrições estão abertas de 3 de agosto a 3 de setembro, online.