Perfil: Oficina Cultural Oswald de Andrade
Na Oficina Cultural Oswald de Andrade a dança se sente em casa desde 1987, em meio à vocação cênica e formativa de um prédio histórico
- O que é?
Oficina Cultural Oswald de Andrade
- Onde está?
Rua Três Rios, no Bom Retiro, perto do Metrô Tiradentes
- O que faz?
Espaço cultural com vocação para a formação e atividades artísticas multi-linguagens
- História e a dança
A Oficina Cultural Oswald de Andrade foi inaugurada em 23 de fevereiro de 1987. O prédio, inaugurado em 1905, tinha abrigado a Escola Livre de Farmácia, depois cursos de Odontologia e Obstetrícia, e fez parte da Faculdade de Odontologia da USP até 1982, quando foi desocupado, e tombado como patrimônio histórico.
Em 1984, um grande seminário do Estado discutiu os caminhos da participação do governo no desenvolvimento das artes. Ali, surgiria um projeto que em 1986 veria um decreto estadual criando a Oficinas Culturais Três Rios, que já naquele ano teria um projeto experimental de ocupação do espaço ainda em reforma. Algumas salas começam a ser usadas para ensaios, acontece a II Semana Paulista de Fotografia, e a recriação do Bailado do Deus Morto, de Flávio de Carvalho e direção de Lívio Tragtenberg, resultado de um Curso de Dramaturgia.
É com essa intensidade que o prédio é oficialmente inaugurado em 1987, pra funcionar como o que o Secretário de Cultura chamava de “um polo gerador de recursos humanos para os setores fundamentais da cultura”. Concebida como espaço multi-linguagens, a dança aparece nas atividades da Oficina desde sempre. Entre os primeiros projetos do espaço, está o Identidade da Dança Nacional, que Célia Gouveia coordena em 1988, seguido do Dança Moderna – O Movimento Expressivo de Patrícia Noronha em 1989, ano que também vê os cursos O Romantismo e a Dança, e Especialização em Dança Educativa de Helena Katz, e ainda o Núcleo de Formação em Dança Contemporânea, coordenado por Ana Terra e Valéria Cano em 1990.
É em 1990, na comemoração do Centenário de Oswald de Andrade, que a Oficina muda de nome. Naquela ocasião, Oswald vira tema de trabalho, refletido nos Núcleos Oswaldianos, que reuniam 200 participantes em sete linguagens artísticas, com a coordenação da Dança a cargo de Lúcia Merlino e Renata Melo.
O espaço tem uma vocação para a dança, notavelmente para a dança contemporânea e experimental, que é sempre presente, mas que se fortalece ainda mais quando encontra seus pares, como é o caso do biênio da gestão de Cássia Navas (2003 e 2004) como Diretora da Oswald. Também é o caso do período atual, que conta com a parceria —amplamente reconhecida por sua disposição e pelo bom resultados de suas propostas — entre Marcus Moreno, Supervisor de Programação desde 2019, atuando com o Coordenador Geral Valdir Rivaben, que é ligado às Oficinas desde 1996, e Coordena a Oswald desde 2016.
É na época dessa volta em 2016 que a Oswald, sem orçamento para programação artística, vai encontrar nas produções do Fomento à Dança diversos artistas procurando espaços para apresentar seus trabalhos. Deu bom. Continua dando, e continua dançando.
O prédio da Oswald também abriga, desde 2008 a sede da São Paulo Companhia de Dança, ali colocada em caráter temporário, mas que perdura até o momento. Essa coexistência é favorecida pela tendência da Oswald às parcerias. Além da SPCD, frequentemente a Oficina é espaço de atividades formativas e apresentações de eventos e festivais de dança, que reconhecem essa vocação cênica e formativa.
Hoje, a programação de dança da Oswald é intensa, incluindo grande variedade de estilos, de propostas, e de públicos, que se encontram num ambiente artístico, provocador e convivial que é uma das caras e das casas da nossa dança.
- O que cabe aqui?
O espaço concentra seus recursos em atividades formativas, como oficinas, workshops, palestras, exibições comentadas, residências artísticas, laboratórios de criação. Também abre espaço para atividades mais teóricas como encontros, debates e seminários. E cumpre também um importante papel de difusão com espetáculos, intervenções e apresentações, nas salas cênicas e na ocupação dos espaços, cessão de salas para ensaios, e acolhimento de artistas e propostas artísticas, em áreas que listam como “artes cênicas, artes visuais, audiovisual, gestão cultural, literatura, moda, exposições, espetáculos de dança, teatro e música, entre outras”.
- Como o público acessa?
Toda a programação da Oswald é gratuita e aberta ao público, e pode ser encontrada no site do programa.
- Como os artistas acessam?
A Oswald não costuma realizar chamadas específicas ou regulares, mas recebe projetos e propostas constantemente, através dos canais de comunicação, listados lá no site também, sem formatos pré-definidos.
Aqui do lado de casa, a Oficina Cultural Oswald de Andrade se tornou rapidamente um dos meus espaços preferidos pra ver dança, mas também pra estar. A graça que eu vejo ali é a variedade. Uma programação que tem de tudo. Um espaço onde você vai por um motivo, acaba ficando por outros tantos, descobre outras atividades, e no meio do caminho encontra uns conhecidos e conhece outras pessoas. Com o espaço de convívio, o espaço do livro, o café colombiano, o cine-clube, e todas as ações artísticas, a Oswald pra mim tem a cara da dança de São Paulo: variada, intensa, e surpreendente.